Dia Internacional da Mulher

Tenho de discordar da minha cara colega XTKinha.

Não me agrada o tratamento preferencial às mulheres. Não me agrada a diferenciação de géneros (há excepções...!). No entanto, no nosso (pouco) avançado país ocidental, conseguimos atingir um patamar de igualdade (ainda não tão igual quanto isso, mas será possível?) bastante mais alto em relação a alguns dos que chamamos de terceiro mundo.

Ainda assim, no nosso avançado e desenvolvido mundo ocidental, sabemos todos das atrocidades que ainda hoje as mulheres são vítimas, basta falar na violência doméstica. Milhares de mulheres em países africanos são excisadas todos os anos. Para as que não morrem de infecções, o simples acto de urinar passa ser um sacrício, para não falar na impossibilidade de vir alguma vez a sentir prazer sexual. Há mulheres que são apedrejadas, emparedadas mutiladas, torturadas porque olham para outro homem, porque resolvem destapar a cabeça, porque... se apaixonam...

Há não muito tempo o pai e os irmãos de uma jovem muçulmana, todos residentes em Londres, mataram e esconderam o corpo da rapariga porque ela tinha um namorado que não aquele que eles queriam. Manchou a honra da família.

Toda a família encobriu o crime, incluindo a mãe e as irmãs.

Não sou de facto muito feminista. Acho o feminismo e o machismo faces da mesma moeda. Somos de facto diferentes.

Acho que hoje, em Portugal justifica-se um dia Comemorativo da Mulher porque ainda há diferença nas oportunidades, diferença nos salários... há diferenças naquilo que se espera de cada um. E nós gajas sabemos que temos sempre a fasquia mais alta, temos sempre de cumprir mais: temos de ser profissionais, donas de casa, mães, esposas... quer se queira quer não. ainda que se oiça de uma esposa orgulhosa: "ai, o meu marido ajuda", ajuda?! não é a função dos dois manter a cassa limpa e tratar dos gaiatos?!

Acho que se justifica uma comemoração do dia da mulher aqui e em qualquer parte do mundo onde as mulheres ainda sejam vitimas de crimes hediondos, onde não têm direito à mais pequena liberdade, onde não podem ter um trabalho, um amigo, onde até o corpo é pecado (pensemos nas burkas). Acho que faz sentido quando deixarmos de lado o consumismo associado: os ramos de flores, os diplomas pirosos ("à mulher mais fantástica que eu conheço"), e pensarmos na coisa mais a fundo, no problema que é de facto ser mulher no nosso mundo, o ocidental e o outro.